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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Resenha de um clássico - BAD

Ano de lançamento: 1987
Produção: Quincy Jones, co-produzido por Michael Jackson
Selo: Epic/CBS


O primeiro álbum clássico escolhido para dar início a essa sessão do portal dogzsongs não foi Thiller , do Michael Jackson, mas sim o trabalho posterior dele, Bad .

Fazer a seqüência do álbum mais vendido em todos os tempos não foi uma tarefa fácil. Já vi críticas considerando Bad inferior a Thriller, outras o considerando um trabalho mais completo.

Eu devo concordar com o segundo time. De fato, Bad é um trabalho ainda mais competente que o anterior. O álbum soa mais maduro, com músicas que vão desde Rock ( Dirty Diana ) ao Gospel/Spiritual ( Man In The Mirror ). As músicas são mais agressivas e gritadas, mostrando influências daquilo que era chamado de “New Jack Swing”. Esse estilo era uma versão mais dançante do Soul e do Rythm And Blues e estava na moda na virada dos anos 80 para os 90. Era uma época em que o RAP não era tão popular, então havia menos verborragia na música negra americana.

Bad abre o disco arrebentando, com uma linha fantástica de baixo e Jackson cantando raivosamente “your butt is mine.” Em inglês isso significa algo como “eu tenho você onde quero” e não contém qualquer alusão ao homossexualismo (no Brasil o significado da expressão seria bem diferente). De qualquer forma, Michael tem todo mundo sob seu domínio, mesmo, até o final do CD.

Aparentemente, Bad conta a história de um rapaz de uma vizinhança barra-pesada que vai estudar numa escola de garotos ricos e depois é confrontado pelos valentões do bairro. “Are you Bad?” No vídeo, quem faz essa pergunta para Michael era um Wesley Snipes bem jovem. A música é de autoria de Michael Jackson, que compôs a canção sem parceiros, assim como fez com quase todas as outras músicas do disco.

A outra canção na seqüência é também da autoria de Michael Jackson, The Way You Make Me Feel . O vídeo mostra Michael bem maquiado e arrumado, acompanhado de dançarinos com cara de arruaceiros, e perseguindo uma garota. Conta-se que ele teria ficado com essa moça após as gravações mas que o seu empresário não teria gostado da história e teria demitido a moça.

Realmente, a letra de The Way You Make Me Feel é bastante sensual e o vídeo tem tudo a ver com a música. No refrão, Michael canta “O jeito que você me faz sentir/ você realmente me deixa ligado.” No decorrer da música ele fala “Eu nunca estive tão apaixonado/Prometa-me, baby, que você me amará para sempre/Eu juro que eu vou sempre lhe deixar satisfeita/Porque você é a única..”
Bom, isso é jeito delicado de falar sobre sexo, não é mesmo?

Speed Demon vem na seqüência, com sons sintetizados e uma batida bem dançante. É, realmente as pessoas costumavam dançar músicas que tivessem melodia antigamente. Essa música tem solo de guitarra, sons sintetizados de carro e até um solo de sax. Não sei como os DJ's do mundo ainda não fizeram remixes dessa música. Eu gostaria de dançar com esse som.

Liberian Girl vem depois. Essa música tem uma batida que Michael já havia usado em outra canção de sua autoria: Centipede, cantada pela sua irmã Rebbie, mas os arranjos e a melodia construídos por cima são completamente diferentes. Há até vocais em um dialeto africano.

O que eu estou falando aqui pode soar megalomaníaco (uma música com som de carro sintetizado, outra com vocais em dialeto africano), mas a verdade é que tudo isso caracteriza a beleza do trabalho. BAD não soa megalomaníaco como obra musical. Talvez seus videoclipes possam ser considerados como tais, mas eu só estou falando de música aqui e toda essa complexidade é muito sutil e até mesmo sensual. A genialidade do trabalho é que ele soa muitíssimo pop mas, quando você pára e escuta, você percebe complexidades próprias de jazz ou rock progressivo.

Just Good Friends , que fecha o que seria o lado B do bolachão de vinil, não é de autoria de Michael. Aqui ele divide os vocais com o não menos incrível Stevie Wonder, que ainda toca um solo maneríssimo de teclado. O som é dançante, bem naquele estilo “New Jack Swing” que fazia sucesso no final dos anos 80. Para mim, esse é o som perfeito para dançar.

O que seria o “Lado B” do bolachão de vinil, mas é simplesmente a sexta música do álbum, é “ Another Part Of Me ”. A música é linda e as letras aparentemente têm a ver com o filme “ Captain EO ”. Sabem o que é esse filme? Pois é, as maravilhas do YouTube permitem a todos nós ver filmes do parque de diversões da Disney.

Em Captain EO, Michael é um capitão de uma espaçonave cheia de bichinhos estilo muppets que tem que entregar uma mensagem a uma rainha malvada em um planeta qualquer. Esse filme era uma atração do parque de diversões da Disney. Infelizmente, eu não pude visitar a Disney na época por causa da situação econômica tosca do Brasil nos anos 80. Bom, mesmo assim sei que esse filme foi atração lá até 1998.

O som da música é “New Jack Swing” total. Michael também canta de forma bem raivosa aqui, onde ele se distancia totalmente de suas vocalizações suaves da época dos Jacksons (grupo formado por ele e pelos irmãos).

O filme Captain EO pode ser visto no YouTube. Eis o link:




O filme é legal, cheio de “defeitos especiais”. Garanto que, na época, o efeito dos raios saindo das mãos de Michael no melhor estilo X-Men era considerado super bem feito.

A descontração de “Another Part Of Me” é seguida pela introspecção e densidade de “Man In The Mirror”. Contrariamente ao que se pensa, essa música não é de Jackson, mas sim de Siedah Garret e Glen Ballard. De qualquer forma, a intensidade da interpretação torna a música de Michael para sempre. É difícil imaginar que alguém algum dia possa a dar interpretação mais emotiva a essa canção. Michael coloca a alma para fora e divide os vocais com um coro gospel no final. A música é linda, muito bem arranjada. Esse é um dos momentos do álbum em que o New Jack Swing é deixado de lado e Michael retorna ao Soul. Se você prestar atenção, dá para ouvir a voz de Siedah Garret como vocal de apoio.

Man In The Mirror é a grande razão pela qual eu considero Bad melhor que Thriller . De fato, a intensidade e emoção mostradas nessa música são únicas. O poder dessa canção é tão grande que o filme Moonwalker se inicia com um clipe ao vivo dela.

Falando de Siedah Garret de novo: ela divide os vocais com Michael em “I Just Can't Stop Loving You”. Essa moça, para quem não sabe, foi indicada anos depois para o Oscar por melhor canção. Ela também compôs Man In The Mirror . A mulher é competentíssima.

I Just Can't Stop Loving You é o lado R&B do disco. Uma balada suave para se dançar coladinho. É um bom som para se ouvir namorando.



 A balada romântica I Just Can't Stop Loving You é seguida pelo ROCK (sim, Michael às vezes fazia ROCK) Dirty Diana , com a participação especial de Steve Stevens na guitarra.
Steve Stevens, para quem não sabe, é um guitar shredder (fritador, matador, rapidíssimo e competentíssimo) que tocava na banda do Billy Idol. Ele pode ser visto no vídeo de Dirty Diana usando uma roupa de vinil colada que faz muitas pessoas acharem que ele é mulher.

Michael já tinha feito ROCK antes de Dirty Diana . Beat It , um dos hinos de Thriller , é um rockasso em que figura o DEUS Eddie Van Halen na guitarra.

A letra de Dirty Diana não é sobre Diana Ross, mas sim sobre groupies e sua obsessão por “pegar” músicos .

O clipe mostra um Michael Jackson bastante sensual, ainda sem sinais de vitiligo ou sofrimento, cantando com uma banda no melhor estilo Glam Rock dos anos 80 e sofrendo assédio de uma groupie piriguete boazuda.

O disco de vinil fecha com Smooth Criminal , que é uma canção raivosa, pesada, mesmo sendo no estilo New Jack Swing . Um baixo sintetizado marca a música enquanto Michael canta por vezes de maneira sussurada, por vezes quase gritando. A música fala sobre crime e dá a nítida impressão de tratar de algum tipo de violência sexual.

“Annie, você está bem?
Ele entrou no seu apartamento
Deixou manchas de sangue no tapete
Daí você corre pelo quarto
E ele lhe derrubou por trás
Foi sua desgraça”

Bom, isso me parece descrever um estupro. Mais explícito que isso só Me And My Gun da Tori Amos.
Já o CD conta com Leave Me Alone como última música. Leave Me Alone não significa o que aparenta ser ao pé da letra. A tradução literal é "deixe-me só", mas, em inglês, a expressão realmente significa "Deixem-me Em Paz". Provavelme é um recado para todo o circo da mídia que estava sendo criado ao redor de Michael e que acabou por matá-lo.

Por fim, Bad é perfeito e é citado como um dos 1001 discos que você tem que ouvir antes de morrer na obra de Robert Dimery e Michael Lydon (1001 DISCOS PARA SE OUVIR ANTES DE MORRER, EDITORA SEXTANTE).

Para quem curte um som mais raivoso e agitado, Bad é perfeito. Não há tantas baladas bonitas quanto em Thriller, mas o som é muito mais raivoso e experimental.

A capa mostra um Michael Jackson um pouco mais claro (às custas de muita maquiagem para esconder os primeiros sinais de vitiligo) , com o nariz mais afilado, cabeludo e com cara de mau. Nada a ver com o menino bonitinho e com cara de bonzinho da capa de Thriller.

Depois disso, os trabalhos de Michael ficaram muito eletrônicos e até meio megalomaníacos, mas Bad é o auge da carreira do astro e foi seguido por uma turnê mundial que passou por diversos países (mas não no Brasil). Quem teve oportunidade de ver essa turnê curtiu muito.

Esse álbum conseguiu colocar 9 músicas na parada de hits.Dessas nove, cinco atingiram o primeiro lugar. Bad vendeu mais de 30 milhões de cópias. Sabe-se lá quantos downloads foram feitos dessas músicas.

Curiosidades: Sheryl Crow era backing vocal do Michael Jackson na turnê de Bad e dois músicos da banda TOTO gravaram partes no álbum, David Paich e Steve Porcaro.

Links interessantes:
>>Bad na wikipedia<<



Michael Jackson e Siedah Garret na gravação de "I Can't Stop Loving You"







Sobre a autora do artigo original:
www.myspace.com.anabrownsinger

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