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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A mãe mais jovem do mundo aos 4 anos

Lina Medina (Pauranga, 27 de Setembro de 1933[1]) é uma peruana que teve um filho aos cinco anos de idade, sete meses e 21 dias, tendo engravidado por volta de seus quatro anos e oito meses. É a mãe mais jovem já confirmada na história da medicina. Além do feito, a menina ficou conhecida por também nunca revelar o nome do pai da criança e também por passar sua vida em pobreza, sem qualquer assistência do governo peruano. Casou-se em 1972 e chegou a ter outro filho aos 38 anos de idade. Hoje vive em um bairro pobre em Lima. Era uma dentre nove filhos.



 
Gravidez Precoce
Ao perceber o aumento anormal do tamanho do abdômen de sua filha, Tiburcio Medina recorreu a curandeiros da vila local para resolver o problema. Porém, os xamãs da vila descartaram que houvesse superstições da localidade (como uma em que uma cobra, Apu, vai crescendo dentro da pessoa até matá-la), então recomendaram aos pais que a levassem para o hospital da cidade de Pisco. Na época, os pais pensaram em se tratar de um tumor, mas seus médicos determinaram que se tratava de uma gravidez de sete meses. Dr. Gerardo Lozada a levou para Lima, da capital do Peru, para que outros especialistas confirmassem a gravidez antes da cirurgia. Um mês e meio depois, em 14 de Maio de 1939[2], ela deu a luz um menino por cesariana, feita necessariamente, já que sua pélvis era muito pequena. A cirugia foi feita pelo Dr. Lozada e pelo Dr. Busalleu, com o Dr. Colretta providenciando a anestesia.

Outra mãe muito jovem no Peru, Maria
do Rosário Trujillo, mãe aos 8 anos.
Esse caso foi reportado em detalhe pelo Dr. Edmundo Escomel para La Presse Medicale, junto com os detalhes adicionais de que sua menarca (menstruação) teria ocorrido aos 8 meses de idade e seus seios proeminentes começarem a ser desenvolvidos aos 4 anos. Aos 5 anos, sua aparência demonstrava alargamento pélvico e maturação óssea avançada. Seu filho nasceu com 2,7 quilogramas e recebeu o nome de Gerardo, em homenagem ao médico que realizou a operação. Apesar de fisicamente amadurecida, Lina preferia brincar com bonecas do que cuidar de seu filho, que recebia alimentação de uma enfermeira. Gerardo foi criado pelo irmão de Lina e levado a acreditar que Lina era sua irmã, mas aos dez anos descobriu que na verdade se tratava de sua mãe depois de ser ridicuralizado na escola. Ele cresceu saudavelmente e morreu em 1979 aos 40 anos de uma doença na medula óssea. Nunca foi confirmada qualquer relação entre a doença e seu nascimento de uma mãe tão precoce.


O mistério da história não se trata na precocidade de Lina, já que isso pode ser explicado como desequilíbrio hormonal, mas sim quem seria o pai da criança, pois a peruana nunca revelou o segredo e se nega a falar do assunto até hoje, chegando a recusar uma entrevista com a Reuters em 2002. Seu pai chegou a ser preso após o nascimento do filho, acusado de incesto, mas foi libertado após alguns dias por ausência de provas para incriminá-lo. As suspeitas recaíram então em um irmão de Lina que era deficiente mental.
No Peru, muitas vezes a garota era associada com a Virgem Maria, que havia concebido um filho sem o pecado original, por obra do Espírito Santo. Algumas pessoas da região acreditam até hoje que Gerardo é filho do deus Sol.


Pobreza

Após o nascimento, policiais, doutores e uma equipe de filmagem chegaram à vila para reportar o ocorrido. Muitas pessoas quiseram auxiliá-la, chegando a existir uma oferta de 5 mil dólares de um empresário estadunidense. Uma oferta mais ousada veio de Nova Iorque, propondo mil dólares por semana, mais despesas, para que Lina e o filho fossem colocados em exposição na Feira Mundial da cidade. A única proposta aceita pela família foi a de um empresário estadunidense que a mãe e o bebê fossem aos EUA para que cientistas analisassem o caso. A oferta incluía o conforto financeiro vitalício dos dois.

Em poucos dias, o Estado peruano proibiu todas as ofertas anteriores, alegando que Lina e o filho estavam em ‘‘perigo moral’’, e chegou a criar uma comissão para protegê-los. Mas após seis meses o governo os abandonou.

Lina permaneceu no hospital por onze meses e só pôde voltar para a família após o início de procedimentos legais que levaram a Corte Suprema a permitir sua convivência com os pais. Alguns anos depois, o Estado expropriou Lina e destruiu sua casa, onde hoje existe uma estrada. Hoje ela espera que o governo lhe dê o equivalente a uma propriedade, para compensar a casa já perdida. Segundo o atual marido de Lina, o imóvel valia cerca de 25 mil dólares. Caso conseguisse a moradia, Lina encerraria uma longa batalha judicial.

Em 1972, a mãe mais jovem do mundo se casa, pela primeira vez, com Raúl Jurado e no mesmo ano, aos 38 anos, tem seu segundo filho, que vive no México. Atualmente vive no caminho de um beco escuro parcialmente interditado por placas de madeira em um bairro pobre e com alto índice de criminalidade na capital peruana de Lima, conhecido na localidade como o ‘‘paraíso dos ladrões’’ e “Chicago Chico” (‘‘Pequena Chicago’’), em alusão à cidade estadunidense Chicago.
Alguns consideram que a falta de ajuda do governo peruano possa ser explicada por puro preconceito, já que em outros países Lina receberia total apoio do Estado. O obstetra José Sandoval, autor de Mãe aos Cinco Anos, luta desde os seus tempos de estudante para uma pensão vitalícia para Lina. Desde 2002 ele já conseguiu acelerar os processos e já chegou a levar o caso para a primeira-dama Eliane Karp.
Lina e Seu Marido

Notas
[1] Existem algumas controvérsias quanto o local e a data exata de nascimento de Lina. Alguns afirmam ter sido em Antacancha ou Ticrapo, além de Pauranga. Porém, todas essas cidades se localizam na Região de Huancavelica. Quanto a data, alguns afirmam que poderia ter sido em 23 de Setembro.

[2] Neste dia estava sendo comemorado o Dia das Mães no Peru.
http://pedraenxuta.wordpress.com/2009/03/27/gravidez-precoce-lina-medina-aos-4-anos-de-idade/
Fonte:
Pedra Enxuta via Wikipedia

terça-feira, 18 de outubro de 2011

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Fotografia da “Batalha de Los Angeles” era retocada

Fotografia da “Batalha de Los Angeles” era retocada
Publicado em 12 de março de 2011
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Em 25 de fevereiro de 1942, três meses depois que os EUA embarcaram na Segunda Guerra Mundial após o ataque surpresa a Pearl Harbor, americanos em Los Angeles, Califórnia, viveram uma noite de pânico.
Mais de 1.400 rodadas de artilharia anti-aérea foram disparadas por uma série de baterias por várias horas enquanto as autoridades militares acreditavam que o país estava sendo atacado diretamente por uma série de “aeronaves não-identificadas” avistadas por inúmeras testemunhas.
O incidente se tornaria conhecido como a “Batalha de Los Angeles”, e recentemente se tornou o mote para um filme de Hollywood sobre uma invasão alienígena.
A conexão das “aeronaves não-identificadas”, e que  de fato jamais foram encontradas, com os “Objetos Voadores Não-Identificados”, ou OVNIs, que invadiriam as mentes do mundo poucos anos depois não demoraria muito a ocorrer. Não foi imediata: durante a guerra, aos americanos alienígenas eram os inimigos das forças do Eixo.
Uma das principais ligações entre a Batalha de Los Angeles e OVNIs tem sido uma fotografia publicada logo no dia seguinte ao evento pelo periódico local, o Los Angeles Times. A imagem, que inicia o artigo acima, mostra as luzes de holofotes convergindo no que parece um objeto que poderia ser um enorme disco visto de perfil. De maneira intrigante, as luzes dos holofotes não são vistas se estendendo além da região de convergência, sugerindo que havia ali um enorme objeto sólido.
Some-se a estes detalhes as explosões de artilharia também registradas, e o fato de que, como repetimos, nenhuma aeronave foi abatida tampouco identificada, e temos os ingredientes para um caso clássico da ufologia: um suposto disco voador visto por muitos, fotografado e de forma verdadeiramente alienígena, imune a todas armas terrestres.
Tema para filmes de Hollywood, realmente.

“Versão retocada”

No último dia 10 de março, em artigo de Scott Harrison, o mesmo Los Angeles Times finalmente informa que:
“Em 26 de fevereiro [de 1942], The Times publicou uma página de fotos com uma versão retocada da imagem com holofotes acima, acompanhada com sete outras imagens dos danos causados pela queda de munições de artilharia anti-aérea”.
A versão original, não-retocada da famosa foto, “foi recentemente encontrada no Arquivo Fotográfico do Los Angeles Times na Universidade da Califórnia”. Você a confere abaixo (clique para o arquivo original divulgado pelo LA Times).
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Explicando os retoques feitos pelos artistas para publicação, o LA Times nota que a parte inferior da imagem original foi pintada de negro. Os holofotes foram clareados com tinta branca. “Muitos raios de luz foram clareados e alargados com tinta branca, enquanto outros foram eliminados”. O negativo da segunda versão, que enfatizamos, foi retocado, também está disponível nos arquivos da UCLA.
Atualmente há códigos de ética mais rígidos com relação ao retoque de fotografias jornalísticas, mas “naqueles tempos, era comum que jornais contratassem artistas para retocar imagens devido à péssima qualidade da reprodução – basicamente 10 tons de cinza se você tivesse sorte. Minha conclusão é que o retoque era necessário para reproduzir a imagem”, comenta Harrison.
Mas queria que o retoque tivesse sido mais fiel ao original. Por nossos padrões de hoje, esta imagem não teria sido publicada”.
Uma terceira versão, com retoques diferentes, foi publicada em 29 de outubro de 1945, e também é divulgada por Harrison.
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Conspiração?

Alguns podem julgar suspeito o aparecimento tão demorado da fotografia original sem retoques. No entanto, uma outra fotografia capturada na mesma noite, e sem retoques, já havia sido publicada em 9 de março de 1942 pela então muito popular revista Life.

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Nesta outra imagem, como na imagem original do LA Times sem retoques, não se vê nenhum sinal de qualquer objeto sólido. Um disco voador gigante e invulnerável também deveria surgir em outras imagens. Descobrimos agora que não surge em nenhuma.
Em um detalhado artigo sobre todo o caso e reproduzido aqui em Ceticismo Aberto, “A História da Batalha de Los Angeles”, o pesquisador Tim Printy já notava que poderia “ter havido alguma ‘licença artística’ envolvida para tornar a foto [do LA Times] mais excitante”. A sugestão se mostrou correta.
A famosa fotografia da “Batalha de Los Angeles” é assim finalmente explicada: assim como a outra imagem do evento, não registrou nenhum OVNI. Não há muito o que explicar na imagem, realmente.
E quanto ao evento em si? O que as pessoas viram naquele dia, o que provocou o alerta?
Como Printy notou, nos dias anteriores um submarino japonês havia atacado diretamente a costa oeste americana, e vários alertas falsos já haviam sido feitos a respeito de um outro ataque direto. Nervos à flor da pele, nos meses seguintes houve outro alarme falso, com artilharia disparada contra o que se descobriu ser nada.
Porque, como a fotografia, e mesmo a Força Aérea dos EUA concluiu, não houve realmente nenhum objeto alienígena – de outros mundos, ou apenas do Japão  — invadindo o espaço aéreo americano. O alarme inicial teria sido provocado por… balões meteorológicos. Os detalhes você confere no artigo de Printy.
A incredulidade com relação à versão oficial dos eventos é compreensível – a Batalha de Los Angeles é o primeiro caso em que um objeto voador não-identificado foi atribuído pelas autoridades a um balão meteorológico –, mas o mais impressionante é que àqueles que estudem o contexto histórico, a versão oficial faz sentido e é apoiada por toda a evidência. Ou mesmo pela ausência de qualquer evidência concreta de que algo alienígena sobrevoou Los Angeles naquela agitada noite.
Seja como for, com relação à famosa fotografia ao menos, já não deve haver mais dúvida razoável. Não há nada lá. E como tal, é agora uma evidência a apoiar a versão oficial: dezenas de explosões no ar e holofotes convergindo ao redor de… nada.
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Confira:

Atualização 13/03/2011: Esta animação deve auxiliar em uma comparação das imagens. O alinhamento foi feito com as explosões de artilharia, que combinam quase perfeitamente. Os feixes de luz dos holofotes divergem muito, indicando que os retoques foram de fato primários. Mesmo a linha do horizonte da cidade parece ter sido uma obra de criatividade.
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Artigo original do Site Ceticismo Aberto, visite!


A História da Batalha de Los Angeles

A História da Batalha de Los Angeles
Publicado em 2 de fevereiro de 2011
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Artigo de Tim Printy, publicado no SUNlite Vol. 3 N.1
Tradução gentilmente autorizada
Uma das histórias OVNI mais populares pela rede é o infame OVNI da “Batalha de Los Angeles”.
Em sua maior parte ela se baseia na memória de pessoas que dizem ter visto um OVNI, ou uma aeronave exótica, ou uma espaçonave alienígena naquela noite. Mas será mesmo o que aconteceu?

Aquecimento

O dia 7 de dezembro de 1941 é uma data que a maioria dos americanos reconhece com pouco esforço [como o ataque japonês a Pearl Harbor]. No entanto, o que transpirou nos meses seguintes na costa oeste dos EUA não é tão conhecido. No Havaí, havia temores de uma invasão anfíbia logo depois do ataque. Em retrospecto, isso parece muito improvável porque transportar um número suficiente de tropas japonesas teria atrasado a força de ataque em porta-aviões que bombardeou Pearl Harbor.
Enquanto isso, a costa oeste dos Estados Unidos se preparou para a invasão potencial ou um ataque aéreo de porta-aviões japoneses. Unidades de defesa aérea foram ativadas e colocadas em alerta nas maiores cidades e bases aéreas. Cidadãos começaram a olhar para o céu em busca de potenciais aeronaves ofensivas. E eles começaram a vê-las. Apenas um dia depois de Pearl Harbor, San Francisco acreditou ter estado sob ataque de um porta-aviões japonês!
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O general DeWitt, encarregado das defesas da costa oeste, ficou consternado com a resposta da comunidade de San Francisco porque eles não cumpriram o blecaute. Ele declararia no dia seguinte:
“Aqueles aviões estavam sobre esta comunidade por um período de tempo definido. Eles eram aviões inimigos, e eu quero dizer, aviões japoneses. Eles foram detectados e seguidos até o mar… é surpreendente a apatia das pessoas de San Francisco. A noite passada (segunda-feira) provou que há mais tolos em San Francisco que eu jamais pensei que existissem. Apenas por graça de Deus San Francisco foi salva da catástrofe”. [1]
Nunca houve quaisquer aviões reais neste “bombardeio”, mas isto mostra a resposta dos altos escalões às notícias de que estavam em guerra. Depois de Pearl Harbor, era melhor exagerar na resposta do que não reagir.
Cidadãos levaram as declarações de DeWitt a sério e começaram a buscar por potenciais aeronaves ofensivas. O planeta Vênus, que por acaso estava visível de forma destacada a oeste depois do anoitecer, tornou-se motivo para alarme. De acordo com notícias em meados de dezembro, Vênus causou vários relatos de aeronaves inimigas e a polícia precisou assegurar a população de que era apenas um planeta.
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Para piorar a situação havia a baixa disponibilidade de inteligência militar. Os criptógrafos estavam ocupados tentando quebrar os códigos japoneses, e os militares estavam assim essencialmente atirando no escuro buscando adivinhar o próximo passo da Marinha Imperial Japonesa. Enquanto isso a inteligência da costa oeste parecia baseada principalmente em rumores na comunidade nipônica:
“Um informante japa em Los Angeles, por exemplo, relatou ao QG do 11º Distrito Naval de que havia um forte rumor entre famílias japonesas, presumivelmente baseado em um relatório de rádio em ondas curtas do Japão, de que em 18 de fevereiro a costa oeste seria bombardeada”. [2]
Começando em 7 de fevereiro, a costa oeste preparou-se para atos potenciais de sabotagem e ataque. Quando nada aconteceu até o dia 18, o alerta foi estendido pelo general DeWitt para 15 de março. No entretempo, um relato veio em 23 de fevereiro de que um ataque ocorreria naquela noite. Não menos que uma hora depois, um submarino japonês emergiu na costa de Ellwood, Califórnia, e disparou atingindo algumas refinarias durante vinte minutos. Nenhum dano significativo foi relatado, mas isto alimentou a preocupação dos locais de que os japoneses planejavam algo maior para a costa oeste.
O cenário estava preparado para a “Batalha de Los Angeles”.

Defesa Aérea

O exército americano possuía várias baterias anti-aéreas em várias instalações de defesa na costa oeste. Também possuía radares para auxiliar na detecção de aeronaves invasoras. No entanto, este radar não é o tipo elaborado de radar com o qual as pessoas estão familiarizadas hoje. Não havia um traço de radar varrendo a tela e exibindo ecos perfeitamente. Ao invés, estas eram maquinarias extremamente complicadas que necessitavam vários operadores para obter os dados relevantes de elevação, alcance e distância. Os dois principais radares usados na Batalha de Los Angeles foram o SCR-270 e o SCR-268.
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O SCR-270 (abaixo) era um radar de longo alcance que exibia um sinal para aeronaves no que era conhecido com um A-scope. Ele indicaria o alcance para um dado eco, mas sua direção era geralmente lida ao observar em que direção o radar estava de fato apontando. Desta forma os operadores só podiam notar um alvo à distância em uma dada direção, mas não poderiam determinar com precisão quantos alvos seriam e qual seria sua altitude.
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O SCR-268 (abaixo) era mais complexo na forma como operava. Devia ser combinado com holofotes e baterias anti-aéreas. Era um radar de curto alcance que contava com três operadores monitorando seus osciloscópios e operando seus próprios controles. Entre estes operadores, podiam determinar a distância, altitude e direção. A atividade requeria trabalho de equipe, treinamento e proficiência para que a unidade funcionasse a contento.
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A noite de 24 a 25 de fevereiro

Na noite de 24 de fevereiro, a inteligência naval esperava um ataque nas próximas dez horas. Provavelmente esperavam uma repetição do incidente do submarino na noite anterior. Depois do alerta de um ataque previsto, o QG da 37 Brigada recebeu vários relatos de flares e “luzes” próximas de instalações de defesa e refinarias. Depois da meia-noite, radares da defesa aérea começaram a relatar contatos. Às 2 da manhã, um contato havia sido detectado a 120 milhas a oeste de Los Angeles e parecia estar se deslocando a 3 milhas de Los Angeles às 2h27. Às 2h21, um blecaute foi ordenado. Neste ponto, as baterias foram preparadas para esperar ver algo e o “ataque” começou. A história do Quarto comando Anti-Aéreo documenta a seguinte sequência de eventos:
  • 02h43 – Aeronaves não-identificadas foram vistas entre Seal e Long Beach.
  • 03h06 – Um balão carregando um flare foi avistado sobre Santa Monica. Ordenou-se que fosse destruído pelo controlador anti-aéreo.
  • 03h28 – Uma bateria próxima da fábrica de aeronaves Douglas em Long Beach relatou 25-30 bombardeiros acima.
  • 03h33 – Baterias em Artesia dispararam em 15 aviões que voaram para o mar sobre Long Beach.
  • 03h55 – Mais munição foi usada sobre Santa Monica no que se relatou ser outro balão.
  • 04h03 – 15 aviões relatados sobre a fábrica Douglas em Long Beach.
  • 04h05 – Baterias em Long Beach relataram disparar contra alvos.
  • 04h09 – Mais 15 aviões relatados sobre a fábrica Douglas.
  • 04h13 – Outros 15 aviões relatados sobre a fábrica Douglas.
  • 04h55 – Um relato foi comunicado de que a fábrica Douglas foi bombardeada mas não atingida.
Baseado nesta informação, parece que a atividade começou em Santa Monica, a oeste do centro de Los Angeles. A mídia noticiou:
“Toda a ação, claramente iluminada por observadores em terra em 20 a 30 holofotes, ocorreu a algumas milhas do oeste de Los Angeles … Baterias anti-aéreas dispararam constantemente por períodos de dois minutos, ficaram em silêncio por em torno de 45 segundos, e continuaram essa rotina por quase meia hora”. [3]
Adicionalmente, baterias próximas da fábrica Douglas em Long Beach parecem ter se somado à confusão. Isto implicava que os aviões voavam de Santa Monica a Long Beach e então para o mar. Considerando que estavam protegendo uma importante instalação de defesa, não é inesperado que teriam “dedos sensíveis no gatilho” assim que a “batalha” houvesse começado.

Saldo final

A mídia fez a festa enquanto o Exército e a Marinha começavam a investigar o que havia acontecido. O exército conduziu uma investigação, entrevistando vários militares que estavam provavelmente muito cansados e confusos sobre o que havia de fato transpirado. Na história do Quarto Comando Anti-Aéreo (disponível no website CUFON) há uma descrição dos relatos prestados. Muitos relataram ter visto aeronaves em vários tipos de formação, mas ninguém mencionou uma aeronave solitária. É importante notar que muitos relatos indicam que os radares SCR-268 usados não apontaram nenhum contato ainda que os observadores estivessem relatando aeronaves.
O testemunho do coronel Henry C. Davis, oficial executivo e oficial comandante em exercício da 37 Brigada, foi muito revelador a respeito das questões de percepção naquela noite. Ele originalmente pensou ter visto 10-15 aviões sobre Inglewood mas então decidiu que era apenas fumaça de explosões anti-aéreas. Ele opinou que provavelmente nunca houve nenhum avião de fato.
A Marinha foi a primeira a divulgar uma declaração. O Secretário da Marinha, Frank Knox, declarou que não havia aviões e que teria sido um falso alarme. A Quarta Força Aérea pensava que não havia aviões sobre Los Angeles e o Comando de Defesa Ocidental opinou que muitos dos relatos eram exageros.
No entanto o Exército olhou para as declarações das testemunhas e sentiu que havia algo nesses relatos. Concluíram que pelo menos um e até cinco aviões estavam sobre a cidade. O Secretário de Guerra, Henry Stimson, declararia que até quinze aviões estavam envolvidos. Suspeitava-se que tivessem decolado com ajuda de sabotadores em bases no deserto ou no México. Também se sugeriu que poderiam ter decolado de submarinos, que possuíam esta capacidade.
A mídia explorou feliz esta “diferença de opinião”. O cartum abaixo, da edição de 9 de março de 1942 da Newsweek representa muito bem a atitude relativa a estas declarações contraditórias.
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Os relatos na imprensa

Enquanto os militares falavam com várias pessoas em sua estrutura de comando e também com alguns civis, a mídia relatou o que outros viram e recebeu todo o tipo de relatos conflitantes.
Uma vez que os relatos pareciam começar em Santa Monica e se mover para Long Beach, presumiram que poderia ter sido um dirigível dado que levou tanto tempo para atravessar essa distância. Isto pareceu ser confirmado pelo administrador de Gardena que declarou ter visto baterias anti-aéreas destruir “um grande saco que parecia um balão”. [4]
Enquanto este relato descreveu um objeto único, muito mais pessoas pareciam ver formações de aeronaves. Muitos disseram ter visto aeronaves “destruídas” ou “abatidas”.
“Durante o blecaute, os telefones de polícia estavam ocupados com relatos de aeronaves que haviam caído aqui e acolá… Outro relato, descartado por oficiais junto com outros, era que a artilharia havia destruído um grande saco flutuante lembrando um balão alto no céu”. [5]
A polícia de Long Beach teria visto duas ondas de aeronaves dirigirem-se para o mar. Também relataram que muitas explosões de artilharia chegaram próximas dos aviões, mas nenhum foi atingido. Quando foi entrevistado, o chefe de polícia de Long Beach, J.H. McClelland, que observava tudo do alto da prefeitura, declarou:
“Pessoalmente, não vi nenhum avião. Mas jovens que estavam comigo disseram que podiam ver”. [6]
Enquanto alguns viam aeronaves ou blimps, outros não viram absolutamente nada. Minard Fawcett de Redondo Beach contou:
“Minha mulher e eu estávamos seguros de ter observado em torno de 15 aviões presos em um cone de luz das baterias de holofotes. Depois decidimos que as nuvens de fumaça haviam nos confundido e o que vimos eram apenas nuvens de fumaça da artilharia”. [7]
Mesmo binóculos não ajudaram alguns observadores:
Don Black da Douglas Aircraft disse ter seguido as luzes com binóculos mas não pôde observar os aviões”. [8]
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Fotografia em lapso de tempo do céu nos arredores da periferia de Los Angeles. Fotografia capturada por Al Monteverde e publicada na revista Life em 9 de mar;o de 1942 (página 22). As trilhas de estrelas indicam que a fotografia foi tomada em direção ao sul e mostram as constelações de Lobo e Centauro. Baseado nas posições aparentes das estrelas, o horário foi entre 3h10 e 3h30. (Eu computei 3h19 mas há margem para erro). De acordo com o artigo, a mancha à esquerda do centro é uma explosão de artilharia anti-aérea. Note como os raios tendem a terminar em um ponto brilhante onde eles convergem. O longo tempo de exposição capturou os raios além dos pontos de convergência. Não há OVNIs ou aviões visíveis nesta fotografia.
Somando-se à confusão de explosões anti-aéreas e 20 a 30 holofotes convergindo em pontos no céu, baterias anti-aéreas estavam disparando flares. Byron Box, do comitê de relações públicas da Pacific Coast Petroleum Industry, viu o show de Altadena. Ele relatou,
“Além das explosões de artilharia, parecia haver de 10 a 12 enormes flares vermelhos disparados no ar”. [9]
Ted Gill, correspondente da AP, escreveu:
“Alguns espectadores assustados juraram ter visto formações de aviões, outros argumentavam que o objeto parecia mais um blimp, ainda outros diziam que poderia ser — mas não podiam ver absolutamente nada”. [10]
A Newsweek pareceu tomar este relato e declarou:
“Observadores civis excitados relataram ter visto aviões em vôo em números variando de um a 200… a polícia disse que um grande blimp ou balão havia sido visto se desviando de explosões sobre a cidade. Observadores mais cínicos e calmos não viram absolutamente nada”. [11]
O relato mais interessante veio de Ernie Pyle, que escreveu sobre o tema em sua coluna “Roving Reporter” de 5 de março de 1942. Ele ficou fascinado com as operações dos holofotes e comentou como os raios apareciam no ponto em que eram focalizados:
“Todos eles convergiam em um grande ponto azul no céu. E esse ponto se movia muito lenta mas muito definidamente através do céu, sem falha. De todas as linhas azuis retilíneas se estendendo até aquele ponto, nenhuma jamais se afastou, ou ficou perdida, ou teve que “pescar” ou “procurar” ao redor pelo alvo. Elas se mantiveram firmes e se moveram com ele pelo céu, como uma sanguessuga que não larga a presa. Eu não conseguia ver nada naquele ponto, uma vez que estava a mais de 30km de distância. Mas podia ver as explosões de artilharia anti-aérea explodindo ao seu redor. De vez em quando uma parecia explodir bem no ponto”. [12]
Pyle havia testemunhado os eventos em Londres e estava um tanto familiarizado com a forma como estes tipos de barragens se pareciam. No entanto as equipes dessas baterias e a comunidade civil nunca havia presenciado tal barragem maciça à noite, e iriam se enganar ao identificar o que viram. Escrevendo depois da guerra sobre o incidente, William Goss declararia:
“Provavelmente muito da confusão veio do fato de que explosões de artilharia anti-aérea, iluminadas pelos holofotes, foram elas mesmas confundidas por aviões inimigos. Em todo caso, as próximas três horas produziram alguns dos relatos mais imaginativos da guerra: ‘enxames’ de aviões (ou, por vezes, balões) de todos os tamanhos possíveis, de um a várias centenas, viajando a altitudes indo de alguns milhares de pés a mais de 10.000, e voando a velocidades que variavam de ‘muito lenta’ a mais de 300km/h, todos foram observados desfilando pelos céus”. [13]
É muito interessante que o engano, o mesmo problema associado com relatos OVNI, parece ter desempenhado um papel crítico neste evento.

O Estopim

A mídia noticiou que os disparos começaram por volta das 3h05. Esta é a aproximadamente a mesma hora em que a história do Quarto Comando de Defesa Aérea declara que as baterias em Santa Monica foram ordenadas a abater um balão com um flare.
Balões meteorológicos lançados à noite geralmente possuíam uma lanterna de papel que continha uma vela para que ele pudesse ser acompanhado visualmente.
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Justamente quando as coisas começavam a se acalmar, outro balão foi avistado às 3h55, o que reiniciou os ataques. Quando os disparos cessaram, mais de 1.400 cartuchos de munição parecem ter sido gastos por causa de dois balões meteorológicos.
Em 1949, o coronel John Muprhy, que era parte da equipe de investigação, escreveria:
“No QG da brigada havia muita confusão. Ninguém sabia exatamente o que havia acontecido. O major general Jacob Fickel e o coronel (depois major general) Samuel Kepner vieram de San Francisco e com este autor constituíram um comitê para investigar os disparos. Interrogamos aproximadamente 60 testemunhas – civis e pessoal a serviço e alistado do exército, marinha e força aérea. Aproximadamente metade destas testemunhas estavam seguras de ter visto aviões no céu. Um aviador descreveu vividamente 10 aviões em uma formação em V. A outra metade não viu nada.
O operador de elevação de um diretor anti-aéreo observando por seu telescópio viu muitos aviões. Seu operador de azimute, observando por um telescópio paralelo no mesmo instrumento, não viu nenhum avião. Entre os fatos determinados estava que os disparos haviam sido ordenados pelo jovem controlador da Força Aérea encarregado na sala de operações do Comando de Combate. Alguém relatou um balão no céu. Ele, é claro, visualizou um zepelim alemão ou japonês. Alguém tentou explicar que não era esse tipo de balão, mas ele estava determinado e ordenou que os disparos começassem (uma ordem que ele não possuía autoridade para dar). Uma vez que os disparos começaram, eles criaram todo o tipo de alvos no céu, e todos passaram a disparar também. Bem, depois de todos esses anos, a verdadeira história pode ser contada.
Um dos regimentos AA (ainda possuíamos regimentos) enviou um balão meteorológico por volta das 1 da manhã. Aquele foi o balão que iniciou todos os disparos! Quando as coisas haviam se acalmado na cidade dos anjos “em batalha”, um regimento diferente, sempre alerta e energético, decidiu que alguns dados meteorológicos eram necessários. Acharam que não tinham se saído muito bem na “batalha” e pensaram que algumas correções meteorológicas ajudariam. Assim eles enviaram um balão, e todo o inferno começou novamente. (Nota: os dois balões, como me lembro, flutuaram majestosamente e em segurança). Mas os habitantes de Los Angeles ficaram muito felizes! Eles tiveram o conforto visual e auditivo de que estavam bem protegidos. E os atiradores anti-aéreos estavam felizes! Eles dispararam mais cartuchos do que teriam sido autorizados a disparar em 10 anos de exercícios de prática em tempos de paz”. [15]
Os registros da unidade descrevem esta ordem para abater um balão, assim os fatos básicos descritos pelo coronel Murphy são precisos ainda que eu acredite que o horário de lançamento às 1 da manhã possa estar incorreto.
William Gross também concorda com esta conclusão no Volume 1 de The Army Forces in World War II:
“Um estudo cuidadoso da evidência sugere que balões meteorológicos – que se sabe terem sido lançados sobre Los Angeles – podem bem ter sido a causa do alarme inicial. Esta teoria é apoiada pelo fato de que unidades de artilharia anti-aérea foram oficialmente criticadas por desperdiçar munição em alvos que se moviam muito lentamente para serem aviões. Depois que os disparos começaram, observação cuidadosa era difícil por causa da fumaça à deriva das explosões”. [16]
Uma vez que a primeira bateria iniciou contra o balão, outras se juntaram à “batalha” e tudo se tornou uma festa. O balão pode, ou não, ter sido destruído. O fogo anti-aéreo (AA) em 1942 não era tão preciso. Os registros da marinha americana para disparos AA de 3 polegadas (a maior parte da artilharia deste tipo de armas) indica uma taxa de acerto contra aviões de menos de 1% em 1942 (as equipes da marinha americana em 1942 eram mais experientes e estavam disparando predominantemente à luz do dia). Também é preciso estimar quantas equipes ajustaram os estopins corretamente (se é que os ajustaram) e qual porcentagem destes disparos realmente explodiu.
Em todo caso, não importa realmente se alguém abateu o balão porque uma vez que os disparos começaram, as equipes estavam disparando contra praticamente tudo, incluindo suas próprias explosões.

A Evolução da História OVNI

Nos primórdios da ufologia aparentemente ninguém pensou em interpretar a “Batalha de Los Angeles” como um caso OVNI. O relatório do grupo NICAP de 1964 com sua “melhor evidência” o ignorou.
A primeira menção ao caso como um evento OVNI foi feita em 1966, quando M.A. McCartney escreveu uma carta a NICAP sobre um OVNI vermelho que fez estranhas manobras aéreas em uma noite. No fim da década de 1960, muitos livros incluíram a história de certa forma. Alguns simplesmente repetiram os artigos do LA Times sobre os eventos, enquanto outros adicionaram alguns detalhes extras. Tornou-se realmente parte da cronologia OVNI em fins da década de 1980 quando, em 1987, Paul T. Collins escreveu um artigo para a revista Fate intitulado “Pânico OVNI na Segunda Guerra Mundial”.
Timothy Good também mencionou o caso em seu livro “Above Top Sceret” lançado em 1988, citando um artigo escrito por Collins em 1968. Jerome Clark incluiria o caso em sua enciclopédia OVNI, citando várias fontes da década de 1960.
Em meados da década de 1990, a internet tornou-se a principal fonte de informação enquanto as pessoas buscavam os mínimos detalhes de registros históricos que apoiariam a versão ufológica dos eventos. Estes textos tenderam a omitir o contexto histórico sob o qual tudo aconteceu, e destacavam apenas as partes que apoiavam suas idéias. Isto era óbvio no artigo de 1987 de Collins. Era basicamente uma sinopse dos eventos históricos noticiados pela mídia, com um viés ET.
A parte mais interessante da história foi um parágrafo que pareceu refletir o pensamento ufológico neste caso:
“Quando relatos de milhares testemunhas oculares vasculhando os céus com binóculos sob as luzes intensas da artilharia costeira verificaram a presença de um objeto enorme, não-identificável e indestrutível – mas não a presença de um grande número de aviões – os comunicados de imprensa foram gradualmente reprimidos”. [17]
Isto não é verdade de acordo com o registro histórico. Collins parece ter exagerado a alegação de que “milhares” viram um enorme objeto individual naquela noite. A realidade é que a maior parte das pessoas não viu nenhum objeto, outros viram aviões individuais em formação, e alguns pensaram ter visto um balão ou dirigível. Não há consenso sobre o que estava sendo visto, tornando muito difícil assegurar que uma enorme nave estivesse presente.
Em anos recentes, algumas pessoas vieram à tona com suas próprias histórias pessoas sobre aquela noite. Algumas delas eram muito jovens naquela época, assim a precisão de suas lembranças pode ser suspeita. Estas memórias podem ter sido influenciadas por uma fotografia que se tornou uma peça importante da evidência de que um OVNI real estivesse envolvido.

A Fotografia

battlela1942 imagens de ovnis
Provavelmente a melhor evidência apresentada para a presença de um OVNI “real” (com a implicação de que fosse uma espaçonave alienígena) é a fotografia que apareceu no LA Times, o NY Times e a revista Time. O jornal declara que a imagem mostra holofotes focalizando um objeto sobre a cidade de Culver. Presume-se que esta fotografia foi tomada de Los Angeles apontando em direção a Santa Monica (a mesma direção que Culver City). Santa Monica é onde as baterias começaram a disparar naquele inconveniente balão meteorológico.
O doutor Maccabee realizou uma longa análise da fotografia e determinou que poderia haver um objeto por trás dos fachos de luz. No entanto, não sabemos quais condições existiam no momento da fotografia (i.e. ajustes da câmera, velocidade do filme, etc.) e se o centro dos fachos de luz não estava simplesmente sobre-exposto. Comparada com a fotografia da revista LIFE, parece que esta imagem não era uma exposição tão longa porque nenhuma estrela foi registrada. É possível que o negativo original tenha sido sob-exposto e, para conseguir uma imagem que mostrasse todos os detalhes dos tênues fachos e o horizonte, a tenham impresso de forma que sobre-expusesse a convergência dos fachos de luz. Também há várias explosões AA ao redor da área em que os holofotes convergem. Ou o fotógrafo expôs o filma no “clímax da batalha” ou pode ter havido alguma “licença artística” envolvida para tornar a foto mais excitante.
Como descrito nos registros das unidades, muita fumaça foi produzida pelas explosões AA. Esta fumaça forneceu algo no qual os fachos dos holofotes podiam refletir. Uma vez que os fachos são raios circulares, o raio produziria uma aparência circular contra uma nuvem de fumaça exatamente como nesta fotografia, publicada no “Ufo investigator’s handbook” de Allan Hendry.
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Fachos de holofotes contra nuvens [18]
Ernie Pyle chegou mesmo a comentar sobre como os holofotes formava círculos no céu, o que confirma que isto é provavelmente o que foi registrado na fotografia. Pode-se ver efeito similar nesta fotografia da revista LIFE tomada em 1939.
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Exercício de holofotes na zona do canal do Panamá. Foto por Thomas D. Mcavoy para a revista LIFE [19]
A ausência de qualquer OVNI na foto da revista LIFE na página 19 indica que este efeito foi registrado apenas por esta fotografia. Uma fotografia aparecendo na página 8 do Long Beach Independent em 27 de fevereiro também não mostra nenhum OVNI, mas muitos fachos de luz de holofotes. A menos que outras fotografias surjam mostrando este mesmo objeto, não se pode considerar esta imagem como boa evidência de algo além de luzes de holofotes convergindo em um ponto no céu, com a área central provavelmente sobre-exposta.

Um Mito?

O que foi finalmente concluído por oficiais militares e historiadores é que nenhuma aeronave pilotada (por ETs ou humanos) esteve presente nos céus naquela noite, e que a causa dos disparos foi provavelmente a ordem de abater um balão meteorológico.
Ufólogos parecem ter se agarrado a excertos publicados pela mídia que confirmam sua crença de que este foi algum tipo de caso OVNI. A falha dos registros da unidades de combate em mencionar qualquer nave gigante imune ao ataque anti-aéreo é algo que parece ter sido ignorado.
A adição recente de testemunhas que dizem “saber o que viram” apimentou a história. É preciso imaginar quão confiáveis suas memórias podem ser, e por que tais descrições tão vívidas de naves exóticas não apareceram em nenhum relato militar ou de mídia antes. Com algum empurrão de ufólogos, vendo a fotografia, e suas próprias crenças em OVNIs, não deve ser preciso muito para transformar memórias vagas de luzes de holofotes focalizando o céu ou explosões aéreas em um disco voador invulnerável a toda artilharia.
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Notas e referências

  1. “Take shelter or die! Army chief warns”. Oakland Tribune. December 10, 1941 page 15
  2. The History of 4th AA Command, Western Defense Command, Jan 9 1942 to July 1 1945 (extract)). Available WWW: http://www.cufon.org/pdf/BattleOfLosAngeles.pdf page 1
  3. “Enemy blimp on west coast.” Manchester Union Leader. February 25, 1942. Page 20.
  4. “Guns hurl two-hour barrage at planes over Los Angeles”. El-Paso Herald Post February 25, 1942. Page 1.
  5. “Los Angeles fres at unseen foe in reported aircraft invasion”. New York Times. February 26, 1942. Page 3.
  6. “LA slightly of beam on air raid”. Bakersfeld Californian. February 26, 1942. Page 2.
  7. ibid
  8. ibid
  9. “Anti-Aircraft fre looked like ring, Altadena reports”. The Long Beach Independent . February 27, 1942. Page 20.
  10. Gill, Ted. “It was a good show while it lasted, LA reports”. Bakersfeld Californian. February 25, 1942 Page 1
  11. “Mystery alarm at Los Angeles bares Army and Navy confusion” Newsweek. March 9, 1942. Page 22.
  12. Pyle, Ernie. “Roving Reporter” Charleston Gazette March 6, 1942 Page 8.
  13. Craven, Wesley Frank and James Lea Crate ed. The Army Air Forces in World War II. Volume one: Plans and early operations. Ofce of Air Force History. Washington D.C 1983. Pages 283-4
  14. War Department. TM 1-235 The weather observer Washington D. C June 29, 1942. p. 232.
  15. Murphy, Col. John G. “Ninth Army AAA”. Anti-Aircraft Journal. May-June 1949. Page 5.
  16. Craven, Wesley Frank and James Lea Crate ed. The Army Air Forces in World War II. Volume one: Plans and early operations. Ofce of Air Force History. Washington D.C 1983.. P. 285-6
  17. Collins, Paul T. “World War II UFO scare”. Fate. July 1987. Available WWW: http://www.rense.com/ufo/battleofa.htm
  18. Hendry, Allan. The UFO Investigators Handbook. London: Sphere Books Ltd. 1980. p. 48
  19. Mcavoy, Thomas D. LIFE Magazine photo archive hosted by Google 1939. Available WWW: http://images.google.com/hosted/life
Gostaria de agradecer a Peter Brookesmith e a Vincente-Juan Ballester Olmos por seu auxílio em identificar algumas fontes para este artigo.
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Artigo original do Site Ceticismo Aberto, visite!