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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Fotografia da “Batalha de Los Angeles” era retocada

Fotografia da “Batalha de Los Angeles” era retocada
Publicado em 12 de março de 2011
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Em 25 de fevereiro de 1942, três meses depois que os EUA embarcaram na Segunda Guerra Mundial após o ataque surpresa a Pearl Harbor, americanos em Los Angeles, Califórnia, viveram uma noite de pânico.
Mais de 1.400 rodadas de artilharia anti-aérea foram disparadas por uma série de baterias por várias horas enquanto as autoridades militares acreditavam que o país estava sendo atacado diretamente por uma série de “aeronaves não-identificadas” avistadas por inúmeras testemunhas.
O incidente se tornaria conhecido como a “Batalha de Los Angeles”, e recentemente se tornou o mote para um filme de Hollywood sobre uma invasão alienígena.
A conexão das “aeronaves não-identificadas”, e que  de fato jamais foram encontradas, com os “Objetos Voadores Não-Identificados”, ou OVNIs, que invadiriam as mentes do mundo poucos anos depois não demoraria muito a ocorrer. Não foi imediata: durante a guerra, aos americanos alienígenas eram os inimigos das forças do Eixo.
Uma das principais ligações entre a Batalha de Los Angeles e OVNIs tem sido uma fotografia publicada logo no dia seguinte ao evento pelo periódico local, o Los Angeles Times. A imagem, que inicia o artigo acima, mostra as luzes de holofotes convergindo no que parece um objeto que poderia ser um enorme disco visto de perfil. De maneira intrigante, as luzes dos holofotes não são vistas se estendendo além da região de convergência, sugerindo que havia ali um enorme objeto sólido.
Some-se a estes detalhes as explosões de artilharia também registradas, e o fato de que, como repetimos, nenhuma aeronave foi abatida tampouco identificada, e temos os ingredientes para um caso clássico da ufologia: um suposto disco voador visto por muitos, fotografado e de forma verdadeiramente alienígena, imune a todas armas terrestres.
Tema para filmes de Hollywood, realmente.

“Versão retocada”

No último dia 10 de março, em artigo de Scott Harrison, o mesmo Los Angeles Times finalmente informa que:
“Em 26 de fevereiro [de 1942], The Times publicou uma página de fotos com uma versão retocada da imagem com holofotes acima, acompanhada com sete outras imagens dos danos causados pela queda de munições de artilharia anti-aérea”.
A versão original, não-retocada da famosa foto, “foi recentemente encontrada no Arquivo Fotográfico do Los Angeles Times na Universidade da Califórnia”. Você a confere abaixo (clique para o arquivo original divulgado pelo LA Times).
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Explicando os retoques feitos pelos artistas para publicação, o LA Times nota que a parte inferior da imagem original foi pintada de negro. Os holofotes foram clareados com tinta branca. “Muitos raios de luz foram clareados e alargados com tinta branca, enquanto outros foram eliminados”. O negativo da segunda versão, que enfatizamos, foi retocado, também está disponível nos arquivos da UCLA.
Atualmente há códigos de ética mais rígidos com relação ao retoque de fotografias jornalísticas, mas “naqueles tempos, era comum que jornais contratassem artistas para retocar imagens devido à péssima qualidade da reprodução – basicamente 10 tons de cinza se você tivesse sorte. Minha conclusão é que o retoque era necessário para reproduzir a imagem”, comenta Harrison.
Mas queria que o retoque tivesse sido mais fiel ao original. Por nossos padrões de hoje, esta imagem não teria sido publicada”.
Uma terceira versão, com retoques diferentes, foi publicada em 29 de outubro de 1945, e também é divulgada por Harrison.
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Conspiração?

Alguns podem julgar suspeito o aparecimento tão demorado da fotografia original sem retoques. No entanto, uma outra fotografia capturada na mesma noite, e sem retoques, já havia sido publicada em 9 de março de 1942 pela então muito popular revista Life.

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Nesta outra imagem, como na imagem original do LA Times sem retoques, não se vê nenhum sinal de qualquer objeto sólido. Um disco voador gigante e invulnerável também deveria surgir em outras imagens. Descobrimos agora que não surge em nenhuma.
Em um detalhado artigo sobre todo o caso e reproduzido aqui em Ceticismo Aberto, “A História da Batalha de Los Angeles”, o pesquisador Tim Printy já notava que poderia “ter havido alguma ‘licença artística’ envolvida para tornar a foto [do LA Times] mais excitante”. A sugestão se mostrou correta.
A famosa fotografia da “Batalha de Los Angeles” é assim finalmente explicada: assim como a outra imagem do evento, não registrou nenhum OVNI. Não há muito o que explicar na imagem, realmente.
E quanto ao evento em si? O que as pessoas viram naquele dia, o que provocou o alerta?
Como Printy notou, nos dias anteriores um submarino japonês havia atacado diretamente a costa oeste americana, e vários alertas falsos já haviam sido feitos a respeito de um outro ataque direto. Nervos à flor da pele, nos meses seguintes houve outro alarme falso, com artilharia disparada contra o que se descobriu ser nada.
Porque, como a fotografia, e mesmo a Força Aérea dos EUA concluiu, não houve realmente nenhum objeto alienígena – de outros mundos, ou apenas do Japão  — invadindo o espaço aéreo americano. O alarme inicial teria sido provocado por… balões meteorológicos. Os detalhes você confere no artigo de Printy.
A incredulidade com relação à versão oficial dos eventos é compreensível – a Batalha de Los Angeles é o primeiro caso em que um objeto voador não-identificado foi atribuído pelas autoridades a um balão meteorológico –, mas o mais impressionante é que àqueles que estudem o contexto histórico, a versão oficial faz sentido e é apoiada por toda a evidência. Ou mesmo pela ausência de qualquer evidência concreta de que algo alienígena sobrevoou Los Angeles naquela agitada noite.
Seja como for, com relação à famosa fotografia ao menos, já não deve haver mais dúvida razoável. Não há nada lá. E como tal, é agora uma evidência a apoiar a versão oficial: dezenas de explosões no ar e holofotes convergindo ao redor de… nada.
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Confira:

Atualização 13/03/2011: Esta animação deve auxiliar em uma comparação das imagens. O alinhamento foi feito com as explosões de artilharia, que combinam quase perfeitamente. Os feixes de luz dos holofotes divergem muito, indicando que os retoques foram de fato primários. Mesmo a linha do horizonte da cidade parece ter sido uma obra de criatividade.
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Artigo original do Site Ceticismo Aberto, visite!


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