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segunda-feira, 25 de abril de 2011

História dos Dirigíveis pelo Brasil

Na interessante e trágica história dos Dirigíveis, o Brasil é um dos personagens principais



Graf Zepellin, orgulho alemão, a primeira aeronave a dar a volta ao mundo

A década de 1930 testemunhou a ascensão e queda de um importante episódio da história do transporte aéreo mundial: os Dirigíveis.

Uma bela ilustração do Hindenburg sobrevoando Nova Iorque
Na década de 30, Hitler e o Nazismo floresciam na Alemanha, mas as relações ainda eram amistosas

Desde o final do século XIX, balões dirigíveis já eram fabricados pelos Estados Unidos, Inglaterra, França e Alemanha, devido a sua facilidade de manobras e conforto. Dois brasileiros estão entre os pioneiros na pilotagem de balões dirigíveis: Santos Dumont e o potiguar Augusto Severo.


O Dirigível no.1, um dos modelos pilotados por Santos Dumont na Paris da virada do século XX
mais sobre os dirigíveis de Santos Dumont em...
Porém, foi a partir do sucesso dos modelos fabricados pela empresa alemã Zeppelin Luftschifftechnik GmbH, fundada pelo conde Ferdinand Graf von Zeppelin (1838-1917), que viajar de dirigível transformou-se no sonho de todos os ricos e poderosos da Europa e América.

O conde Ferdinand Graf von Zepellin
Faleceu antes de ver o sucesso e a desgraça de seu empreendimento

Entre os 119 modelos fabricados entre 1900 e 1938, os mais famosos passaram pelo Brasil: O Graf Zeppelin LZ127 e o Hindenburg.

O Graf Zepellin sobrevoando o Rio de Janeiro na década de 30

Entre 1936 e 1937, a companhia alemã implantou uma linha regular de dirigíveis entre Frankfurt e o Rio de Janeiro, com escala em Recife, numa viagem que durava em media 3 dias e meio, com o conforto de um transatlântico. Durante este perído foram realizadas 9 viagens, sendo 5 pelo Graf Zepellin LZ127 e 4 pelo Hindenburg, até hoje a maior máquina voadora já construída pelo homem.

Comparação de tamanho entr eo Hindenburg, um Boeing 747 e o Titanic

Com 245 metros de comprimento, o Hindenburg era pouco menor do que o imenso Titanic, que havia afundado cerca de 20 anos antes nas gélidas águas do Atlântico Norte

Mais uma bela imagem do Rio de Janeiro com o Zepellin ao fundo

Para a implantação da linha Rio-Frankfurt, foi criada uma Torre de Atracação em Recife, e também um impressionante Hangar nas proximidades do Rio de Janeiro.

O gigantesco Hangar construído próximo à baia de Sepetiba, no Rio de Janeiro
Hoje fica no complexo da base aérea de Santa Cruz
Foto de 2004

A enorme estrutura até hoje domina a paisagem

Ambas as construções permanecem até hoje intactas, transformando o Brasil no único detentor de estruturas deste tipo no mundo, pois todas as outras foram destruídas ou desmontadas após o fracasso deste meio de transporte.

Torre de Atracação em Recife
Única deste tipo que restou no mundo 

Apesar de encantar seus passageiros com luxo, conforto, silêncio, rapidez e praticidade, os dirigíveis tinham seu lado mortal: Eram inflados com hidrogênio, um gás altamente inflamável com qualquer faísca ou até mesmo com eletricidade estática, fato que transformava qualquer viagem em uma verdadeira "roleta russa".

 Mais uma  foto da passagem do Hindenburg pelas praias cariocas

O Hindenburg atracando no Hangar de Santa Cruz 

Outra foto, desta vez sobrevoando Recife

Apesar de todos os cuidados, em 6 de maio de 1937, quando estava atracando em Lakehurst, nas proximidades de Nova Iorque, entrou em chamas, queimando quase que instantaneamente toda sua estrutura altamente inflamável (nitrocelulose e alumínio),causando a morte de 35 de seus 97 passageiros e de um técnico de solo. 

O incêndio do Hindenburg em 1937

Este acidente selou o destino de uma das mais fantásticas experiências de transporte do século passado. A 2a Guerra Mundial que irrompeu logo em seguida sepultou de vez os dirigíveis, mesmo sabendo que algumas modificações, como o uso do gás Hélio ao invés de Hidrogênio, tornariam estas fantásticas máquinas bem menos perigosas.

O Hindenburg queimando ao lado de uma Torre de Atracação muito parecida com a de Recife

O Hindenburg ficou conhecido como "Titanic dos céus"", e hoje, apenas Dirigíveis de pequeno porte são usados para propaganda, filmagens aéreas ou medições meteorológicas. Porém, muitos ainda acreditam que em breve assistirão ao retorno triunfal dos grandes "Transatlânticos voadores". Afinal, a terrível experiência do Titanic não acabou com o uso dos navios, não é mesmo ?  

O Hindenburg e suas suásticas em solo americano.
O símbolo do Nazismo não era visto como uma ameaça na época 

Saiba mais sobre Dirigíveis em...

E sobre a história dos Dirigíveis no Brasil em...


Veja um vídeo colorizado da tragédia do Hindenburg, que queimou em poucos segundos




Curiosidade: Como bem indicou um de nossos leitores, além de Recife e Rio de Janeiro, os dirigíveis alemães também fizeram vôos sobre as cidades de Porto Alegre e São Leopoldo durante seu caminho até Buenos Aires, numa época em que a influência da colonização alemã  nas cidades gaúchas era muito significativa (a influência até hoje é grande, mas naquela época até os cinemas exibiam filmes em alemão)


Vôo sobre São Leopoldo em 1934

Vôo sobre Porto Alegre também em 1934
Saiba mais sobre a aventura dos dirigíveis no Rio Grande do Sul em...
http://historiasvalecai.blogspot.com/2010/08/925-graf-zeppelin-o-prodigio-alemao.html


                                                      
                                                  Curiosidades do Zeppelin

  • As instalações elétricas são revestidas por uma blindagem para evitar o surgimento de qualquer fagulha, o que poderia causar um incêndio nos dirigíveis.




  • Todo o Hangar é servido por pequenos carrinhos na parte superior, usados para inspecionar e fazer reparos na estrutura dos dirigíveis.




  • Existe até hoje na Base Aérea de Santa Cruz, uma gigantesca esfera de açoque era utilizada como depósito de hidrogênio. Esta esfera foi transformada em reservatório de água com capacidade de 3 milhões de litros.




  • No interior do Hangar existem duas escadas com patamares, uma de cada lado, e um elevador elétrico que transporta 450 kg de carga e se move a uma velocidade de 1 m/s.




  • O tempo gasto para abrir o portão Sul é de 6 minutos.




  • O Hangar possui três pontos de reabastecimento, um em cada extremo, e um no meio, com tomadas para gases Hidrogênio, Propano, Butano, água e eletricidade.




  • No topo do Hangar, existe uma torre de comando que está a 61 m de altura e de lá pode-se avistar toda a área desde Sepetiba até o Rio Guandu.




  • Só existiu um acidente durante o período que os Zeppelins operaram em Santa Cruz, que ocorreu quando um dos homens que seguravam as cordas não as soltou após ser dada a ordem para que as mesmas fossem liberadas. Ele subiu com o dirigível, até que alguém avisou à tripulação, que resolveu retornar. O referido homem quebrou algumas telhas e machucou as pernas.




  • O Hindenburg possuia 245 m de comprimento, 41,5 m de diâmetro, voava a 135 km/h com autonomia de 14 mil quilômetros e tinha capacidade para conduzir 50 passageiros e 45 tripulantes.




  • O Graf Zeppelin possuia 213 m de comprimento, 5 motores, transportava 35 passageiros e 45 tripulantes.

    Fonte: Congar/ Fab – http://www.fab.mil.br/





  •        Memória Aeronáutica: A história do Zeppelin no Brasil

    Em 1933, os alemães da Companhia Luftschiffbau Zeppelin vieram ao Brasil escolher a área apropriada para pouso e abrigo dos Zeppelins. Após meticulosos estudos climáticos, direção dos ventos, velocidade e também possibilidade de meios de transporte, foi escolhida a área próxima à Baía de Sepetiba. Essas terras foram doadas pelo Ministério da Agricultura e totalizavam 80.000m2 .

    No ano seguinte, o Hangar concebido por engenheiros alemães, começou a ser construído pela Companhia Brasileira "Construtora Nacional Condor" que seguia as instruções do gigantesco Kit fornecido pelos alemães. Um acordo entre o governo brasileiro e a Companhia Alemã previa a construção de um aeródromo no local, que mais tarde foi denominado Bartolomeu de Gusmão.

    Além da construção do Hangar, foi instalada também uma fábrica de hidrogênio para abastecer os dirigíveis e uma linha ferroviária ligando o aeroporto à estação de D. Pedro II.

    Finalmente, em 26 de dezembro de 1936, o Hangar foi inaugurado com a ativação de uma linha regular de transportes aéreos que ligava Frankfurt ao Rio de Janeiro com escala em Recife e contou com a presença do então presidente Getúlio Vargas.

    Os Zeppelins já chamavam a atenção do povo brasileiro desde 1930. Em Recife, no dia 22 de maio de 1930, a cidade parou para ver de perto o Graf Zeppelin, no bairro do Jiquiá, (onde até hoje existe a única torre de atracamento de dirigível que restou no mundo). A mesma cidade também foi visitada pelo dirigível Hindemburg, causando a mesma comoção.

    Logo que começaram a chegar os primeiros dirigíveis, era preciso 200 homens que ficavam na pista para ajudar a atracá-los, segurando seus cabos, apelidados de "aranhas". Havia uma torre onde a proa ficava atracada, enquanto a popa era engatada a um carro gôndola, feito para receber o cone e que entrava no Hangar para desembarque dos passageiros e manutenção, feita pela própria tripulação.

    No Hangar, tudo tem proporções imensas. Com 270 m de comprimento, 50 m de altura e 50 m de largura, o Hangar do Zeppelin está orientado no sentido Norte/Sul. O portão Norte, com 28 m de largura e 26 m de altura só servia para ventilação e saída da torre de atracação e só abre manualmente. O portão Sul, o principal, abre-se em toda a altura do Hangar e possui duas folhas de 80 toneladas cada uma. Estas portas podem até hoje ser abertas elétrica ou manualmente, utilizando o sistema original.

    O uso do Hangar foi efêmero e em 1937 o último Zeppelin decolava do aeródromo após nove viagens ligando o Brasil à Europa. Dentre essas viagens, quatro foram realizadas pelo Hindenburg e cinco pelo Graf Zeppelin.

    Quando o aeroporto Bartolomeu de Gusmão foi transformado em Base Aérea de Santa Cruz em 1941, o Hangar passou a abrigar as diversas Unidades Aéreas que ali se instalariam ao longo dos anos.

    O "Zeppelin" vai vencendo de forma heróica sua luta contra todas as adversidades do tempo e, apesar da proximidade com o mar da Baía de Sepetiba, ainda não sofreu problemas de oxidação que lhe causassem danos significativos.

    Cabe ressaltar que, atualmente, este é único Hangar para Zeppelins existente no mundo, pois os outros dois que foram construídos, um na Alemanha e outro nos Estados Unidos, já não existem mais. E é por esta razão que o Hangar do Zeppelin constitui um importante marco na história de Santa Cruz, do Rio de Janeiro, do Brasil e do mundo e mais do que nunca, precisamos preservá-lo.

    Fonte: Congar/ Fab – www.fab.mil.br

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