A alucinante história da morte do mago e curandeiro da realeza russa que, em uma única noite, foi envenenado, alvejado por tiros e mutilado, mas se recusou a morrer nas mãos de seus assassinos.
Rasputin é envenenado, alvejado, espancado e afogado
Sua aparência era desagradável. Filho de camponeses (então chamados “mujiques”, sinônimo de pobreza associada à servidão), o mago era sujo e grosseiro: a barba estava sempre desgrenhada, e os cabelos eram compridos, maltratados e gordurosos. Mal sabia ler e escrever.
Príncipes e grão-duques ficavam chocados diante da visão daquele homem. A população o temia. A nobreza espalhava boatos de que ele seria o responsável por todas as agruras pelas quais o país passava na Primeira Guerra Mundial, e as más línguas o acusavam, infundadamente, de ser amante da czarina, além de agente da inimiga Alemanha. Alguns conspiravam para assassiná-lo, o que ele não ignorava.
No início de dezembro daquele ano de 1916, Rasputin enviou a Nicolau II uma carta profética: Czar de todas as Rússias, tenho o pressentimento de que até o final do ano eu deixarei este mundo. Serei assassinado, já não estarei entre vós. Se eu for morto por gente do povo, gente como eu, tu não tens nada a temer, continuarás no trono. Mas, se eu for morto por nobres, as mãos deles ficarão manchadas pelo meu sangue. Eles se odiarão e matarão uns aos outros. Dentro de 25 anos não restará um único nobre neste país. Nenhum parente teu, nenhum de teus filhos sobreviverá mais de dois anos. O povo russo dará cabo de todos. Assim, depois que eu desaparecer, tem cuidado, pensa bem, protege-te. Diz a todos os teus que derramei meu sangue por eles. Reza, reza, sê forte, pensa em tua família.
Alguns dias depois, em 29 de dezembro de 1916, um telefonema anônimo avisou Rasputin de um perigo iminente, mas sem mais detalhes. Um pouco mais tarde, Protopopov, ministro do Interior, foi pessoalmente pedir que ele se trancasse em casa. Tudo em vão, pois à meia-noite, o místico se vestiu e se perfumou para sair. Usou uma camisa azul celeste, bordada de flores de girassol, e uma calça preta e bufante de veludo, além de botas de cano alto de verniz.
Uma noitada social aguardava o enjeitado filho de camponeses no palácio Iussupov, o ambiente mais luxuoso de Petrogrado (atual São Petersburgo). O carro do próprio príncipe Félix Iussupov foi buscá-lo em casa para o programa: conhecer sua casa e sua jovem esposa, Irina; em seguida, os três buscariam diversão fora dali, com os ciganos.
Era uma armadilha. Na realidade, Irina estava em Ialta, na Crimeia. O príncipe havia organizado uma farsa. No salão do primeiro andar, um fonógrafo tocava árias de dança, como se a dona da casa estivesse dando uma recepção para a alta sociedade local. Na verdade, ali estavam somente os quatro cúmplices do príncipe: o grão-duque Dimitri Pavlovitch, o deputado Purichkevitch, o tenente Sukhotin e o médico Lazovert. Para produzir o som de vozes femininas, eles tinham convocado Marianna Defelden, parente de Dimitri, e Vera Karalli, bailarina do balé Bolshoi.
Quando chegaram, Rasputin ouviu o som do fonógrafo. O príncipe lhe disse que a esposa tinha convidados importantes, mas prestes a partir, e que ambos deveriam esperar bebendo algo em uma encantadora sala íntima de refeições, no subsolo do palácio. O fogo da lareira ajudava a iluminar a decoração perfeita e a mesinha com quatro copos, algumas garrafas, biscoitos e um prato com docinhos de chocolate. Docinhos envenenados com cianureto de potássio pelo doutor Lazovert. Também havia veneno em dois dos quatro copos – para que não houvesse chance de erro na dose.
Em 1916, Grigori Iefimovitch Novykh, vulgo Rasputin, era o homem mais poderoso da Rússia. Dizem que tinha um olhar penetrante e magnético, compatível com a fama de místico que ampliava seu poder pessoal. De fato, exercia indiscutível fascínio sobre o frágil czar Nicolau II e sua bem-amada esposa, a imperatriz Alexandra Feodorovna.
Mas o poder de Rasputin não era nem um pouco oculto. Apoiava- se na excepcional ascendência que tinha sobre os monarcas absolutos da Rússia de então. Ele nomeava ministros do mesmo modo que os derrubava.Sua aparência era desagradável. Filho de camponeses (então chamados “mujiques”, sinônimo de pobreza associada à servidão), o mago era sujo e grosseiro: a barba estava sempre desgrenhada, e os cabelos eram compridos, maltratados e gordurosos. Mal sabia ler e escrever.
Príncipes e grão-duques ficavam chocados diante da visão daquele homem. A população o temia. A nobreza espalhava boatos de que ele seria o responsável por todas as agruras pelas quais o país passava na Primeira Guerra Mundial, e as más línguas o acusavam, infundadamente, de ser amante da czarina, além de agente da inimiga Alemanha. Alguns conspiravam para assassiná-lo, o que ele não ignorava.
No início de dezembro daquele ano de 1916, Rasputin enviou a Nicolau II uma carta profética: Czar de todas as Rússias, tenho o pressentimento de que até o final do ano eu deixarei este mundo. Serei assassinado, já não estarei entre vós. Se eu for morto por gente do povo, gente como eu, tu não tens nada a temer, continuarás no trono. Mas, se eu for morto por nobres, as mãos deles ficarão manchadas pelo meu sangue. Eles se odiarão e matarão uns aos outros. Dentro de 25 anos não restará um único nobre neste país. Nenhum parente teu, nenhum de teus filhos sobreviverá mais de dois anos. O povo russo dará cabo de todos. Assim, depois que eu desaparecer, tem cuidado, pensa bem, protege-te. Diz a todos os teus que derramei meu sangue por eles. Reza, reza, sê forte, pensa em tua família.
Alguns dias depois, em 29 de dezembro de 1916, um telefonema anônimo avisou Rasputin de um perigo iminente, mas sem mais detalhes. Um pouco mais tarde, Protopopov, ministro do Interior, foi pessoalmente pedir que ele se trancasse em casa. Tudo em vão, pois à meia-noite, o místico se vestiu e se perfumou para sair. Usou uma camisa azul celeste, bordada de flores de girassol, e uma calça preta e bufante de veludo, além de botas de cano alto de verniz.
Uma noitada social aguardava o enjeitado filho de camponeses no palácio Iussupov, o ambiente mais luxuoso de Petrogrado (atual São Petersburgo). O carro do próprio príncipe Félix Iussupov foi buscá-lo em casa para o programa: conhecer sua casa e sua jovem esposa, Irina; em seguida, os três buscariam diversão fora dali, com os ciganos.
Era uma armadilha. Na realidade, Irina estava em Ialta, na Crimeia. O príncipe havia organizado uma farsa. No salão do primeiro andar, um fonógrafo tocava árias de dança, como se a dona da casa estivesse dando uma recepção para a alta sociedade local. Na verdade, ali estavam somente os quatro cúmplices do príncipe: o grão-duque Dimitri Pavlovitch, o deputado Purichkevitch, o tenente Sukhotin e o médico Lazovert. Para produzir o som de vozes femininas, eles tinham convocado Marianna Defelden, parente de Dimitri, e Vera Karalli, bailarina do balé Bolshoi.
O Palácio de Mayha, propriedade de Yusopov, onde Rasputin foi baleado. |
Quando chegaram, Rasputin ouviu o som do fonógrafo. O príncipe lhe disse que a esposa tinha convidados importantes, mas prestes a partir, e que ambos deveriam esperar bebendo algo em uma encantadora sala íntima de refeições, no subsolo do palácio. O fogo da lareira ajudava a iluminar a decoração perfeita e a mesinha com quatro copos, algumas garrafas, biscoitos e um prato com docinhos de chocolate. Docinhos envenenados com cianureto de potássio pelo doutor Lazovert. Também havia veneno em dois dos quatro copos – para que não houvesse chance de erro na dose.
Rasputin é envenenado, alvejado, espancado e afogado |
Grigori Iefimovich Novy, ou Rasputin |
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